PLANO DE TREINO
A CARREGAR...
Quando foi a última vez que cuidaste de ti?
Talvez tenhas demorado a responder, talvez nem te lembres… E está tudo bem. A verdade é que, com a correria, as responsabilidades e a pressão constante para dar conta de tudo, muitas vezes colocamo-nos em último lugar.
Mas e se o autocuidado não for um luxo ou um evento esporádico num spa? E se for, na verdade, um gesto de amor e presença no meio do caos? Um jeito de dizer a ti mesmo: “eu importo”.
Autocuidar-te não precisa de ser complicado. Não exige horas livres, nem grandes produções. Às vezes, basta parar, respirar, ouvir o que o corpo e a mente estão a pedir, e responder com gentileza.
Este artigo é um convite para cuidares de ti de um jeito possível, leve e real. Vamos juntos?
Uma mente sobrecarregada não consegue pensar com clareza, um corpo exausto não sustenta os nossos sonhos, e um coração que nunca descansa perde, aos poucos, a capacidade de sentir leveza.
Praticar o autocuidado emocional é como regar uma planta esquecida: aos poucos, ela volta a florescer. E não, não é egoísmo, é pura necessidade. É sobrevivência com ternura, é uma forma de honrar quem tu és, mesmo quando o mundo pede versões infinitas de ti.
E aqui está o segredo: quanto mais cuidamos de nós, mais presença temos para o que (e quem) realmente importa. O autocuidado diário é um investimento no teu bem-estar físico, emocional e mental. É sobre criares um espaço onde possas respirar, recarregar e continuar.
Nem que sejam 3 minutos. Antes do telemóvel e do café, fecha os olhos. Inspira devagar, expira com intenção. Sente o ar a entrar e a sair. Sente-te vivo, presente. Esta é uma prática simples de bem-estar que pode mudar o rumo de um dia inteiro.
Dica extra: Se quiseres, coloca uma música instrumental suave ao fundo. Isso pode ajudar a criar o teu "micro ritual" de boas-vindas ao dia.
Beber água sentindo o copo nas mãos, tomar banho sentindo a água tocar o corpo, comer sem distrações, saboreando cada garfada… Às vezes, o autocuidado está no que parece banal.
Pequenos actos, feitos com atenção, podem mudar o teu estado emocional. A ideia é: faz o que já fazes, mas com presença.
Pode ser um canto com uma vela acesa, uma música que gostas, um chá quente ao entardecer. São pequenos rituais que dizem: “Este momento é só meu.”
Não subestimes o poder de um momento sagrado na tua rotina, ele pode ser o fio condutor que te mantém conectado a ti mesmo, mesmo nos dias mais intensos.
Já reparaste como, muitas vezes, és mais duro contigo do que serias com um amigo? E se começasses a trocar a autocrítica por palavras mais doces?
Em vez de “não estou a dar conta”, que tal “estou a fazer o melhor que posso hoje”? Esse pode ser o início de uma nova forma de te relacionares contigo. Ser gentil connosco importa, e muito.
Autocuidado também é mexer o nosso corpo, não por estética, não por pressão, mas como forma de te reconectares contigo mesmo. Porque o corpo guarda emoções. Ele sente, carrega, espera por ti. E quando te moves, estás a dizer-lhe: "Eu estou aqui."
Fazer exercício físico não precisa de ser exaustivo. Pode ser uma caminhada ao ar livre, uma aula de dança que te faça sorrir, alguns minutos de alongamentos ao acordar, ou aquela aula de treino funcional que te faz sentir mais viva(o) e forte. O importante é escolher um tipo de movimento que te faça bem e não o que te dizem que “deverias” fazer.
Dança, salta, respira fundo enquanto alongas. A energia muda, as emoções circulam e o cansaço transforma-se.
Sugestões simples:
Não precisas de ser atleta… Só precisas de dar permissão ao teu corpo para se mexer, para respirar melhor, para viver mais leve. E se a academia fizer parte desse caminho, vê-a como um lugar onde cuidas de ti — não onde “corriges” algo, mas onde te celebras.
Há dias em que tudo parece mais pesado. Nosso corpo cansa antes da hora, a mente gira em círculos… Nessas alturas, o autocuidado não precisa de ser ambicioso, apenas honesto.
Talvez o gesto mais gentil seja descansar. Desligar-se do mundo, ficar em silêncio, pedir ajuda se quiseres, cancelar um plano, dormir mais cedo, comer algo que nutre e acolhe.
O que fazer nos dias nublados:
Lembra-te: autocuidado não é performance, é escuta. E, às vezes, cuidar de ti é apenas não te julgares por estares cansado.
Autocuidar-se também passa por saber quando é hora de pedir ajuda. Confiar em alguém, partilhar, delegar. Dizer: "Hoje, não consigo sozinho/a."
Tu não precisas de carregar o mundo inteiro nos ombros. Ter rede de apoio — amigos, família, terapeutas — é parte essencial do processo.
Cuidar de ti também é permitir que outros cuidem de ti de vez em quando.
Tu não vais sentir milagres de um dia para o outro, mas aos poucos, vais notar mudanças subtis: mais paciência, mais clareza e mais energia para o que realmente importa.
O autocuidado diário é como um investimento silencioso: ao fim de algum tempo, os frutos aparecem. A tua autoestima melhora, o teu corpo agradece, a tua mente respira e o teu coração reencontra o ritmo. Tu mereces sentir-te bem contigo mesmo, todos os dias.
Não há fórmula certa,o que te faz bem hoje pode mudar amanhã. Às vezes, vais precisar de silêncio. Noutras, de movimento. Nuns dias, um bom treino. Noutros, um banho longo ou uma série leve.
A chave é esta: ouvir-te. Perguntar com honestidade: “O que estou a precisar agora?” e confiar na tua resposta.
Cada pessoa tem a sua forma de se cuidar. Descobrir a tua é um processo bonito, cheio de tentativas, ajustes e reencontros.
Cuidar de ti não tem de ser mais uma tarefa. Pelo contrário, pode ser o espaço onde voltas a ti, o teu ponto de recarga, o teu ninho. Onde te reconectas com quem és, longe das exigências e expectativas externas.
E, se tiveres dúvidas por onde começar, faz esta pergunta: qual vai ser o meu pequeno gesto de carinho hoje?
Respira, escolhe algo que te faça bem (por mais simples que seja) e fica em paz contigo mesmo(a).