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Celebra-se anualmente, no dia 18 de maio, o Dia Mundial da Vacina Contra a SIDA, também conhecido como “Dia da Consciência da Vacina do HIV”. O objetivo é sensibilizar e promover a importância de uma vacina preventiva ou terapêutica contra o HIV.
Quando o HIV foi identificado na década de 1980, previa-se que a vacina seria descoberta após dois anos. Passaram mais de 40 anos e ainda não existe cura, apesar dos avanços científicos dos últimos anos permitirem que as pessoas vivam com a doença.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o objetivo é fazer com que o HIV/SIDA deixe de ser um problema de saúde pública até 2030. Estamos num bom caminho?
O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é uma infeção viral que destrói progressivamente os glóbulos brancos. Se não for tratado, pode causar a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) – o estágio mais avançado do HIV. A SIDA incapacita o sistema imunitário da pessoa, reduzindo a sua capacidade de defesa e abrindo espaço ao surgimento das chamadas infeções oportunistas.
Contudo, ter HIV não é o mesmo que ter SIDA, embora todas as pessoas que tenham SIDA estejam infetadas com HIV. Qual é a diferença? Uma pessoa com HIV pode viver com o vírus e não ter sintomas, embora possa transmitir na mesma. A SIDA é a fase mais avançada do HIV que, além de provocar infeções graves, pode resultar em morte.
Formas de Contágio de HIV:
É importante esclarecer alguns mitos: não é possível contrair HIV através do contacto com objetos, assentos sanitários, apertando as mãos ou abraçando uma pessoa com HIV, e também não é transmitido pelo ar ou pela água.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), desde o início da epidemia, foram infetadas com HIV cerca de 88,4 milhões de pessoas e morreram cerca de 42,3 milhões de pessoas. As Estatísticas da ONUSIDA indicam que cerca de 39,9 milhões de pessoas viviam com HIV em 2023, e 630 mil pessoas morreram com SIDA no mesmo ano. Estes dados espelham a urgência em descobrir uma vacina contra a SIDA.
Em Portugal, segundo o Relatório Infeção por VIH em Portugal, foram diagnosticados 924 novos casos de HIV em 2023 – menos 65 do que no ano anterior. Apesar da tendência decrescente, Portugal apresenta taxas de novos diagnósticos por infeção de HIV e SIDA superiores à média da União Europeia.
As vacinas são uma forma segura e eficaz de controlar doenças infeciosas. Todos os anos salvam milhões de pessoas em todos o mundo.
A Varíola era uma doença mortal e contagiosa que foi erradicada com a vacinação. O Sarampo não foi erradicado, mas com o surgimento da vacina houve uma queda drástica na taxa de mortalidade. Outro exemplo mais recente, e que está na memória de todos, a pandemia da COVID-19 que foi controlada com a vacinação.
A vacina contra a SIDA parece ser a solução, mas não existindo ainda uma vacina eficaz contra este vírus, é importante adotar medidas de prevenção, como usar preservativo, evitar qualquer tipo de contacto com sangue e fazer o teste HIV.
Todos os desenvolvimentos e descobertas científicas enfrentam desafios práticos e morais. No caso da cura do HIV, existem três fatores que desafiam a ciência e dificultam encontrar uma vacina para esta doença:
As questões éticas também não devem ser negligenciadas, e constituem um enorme desafio, sobretudo pelos seguintes motivos:
Apesar de não existir uma cura, os avanços no tratamento do HIV permitem que atualmente muitas pessoas vivam uma vida longa e saudável com a doença. Abaixo estão alguns avanços científicos importantes na investigação da vacina contra a SIDA.
A Vir Biotechnology iniciou testes clínicos, de fase 1, com a vacina experimental VIR-1388, com o objetivo de oferecer uma resposta imunitária robusta e duradoura contra o HIV. O objetivo é “produzir células imunes conhecidas como células T que reconhecem várias proteínas do HIV de forma diferente das vacinas experimentais anteriores.” O estudo está em andamento, e por isso ainda não existem resultados.
A Moderna, em parceria com a International AIDS Vaccine Initiative (IAVI), está a desenvolver vacinas de mRNA para o HIV. O objetivo é “estimular a produção de anticorpos amplamente neutralizantes (bnAbs), que podem atuar contra as muitas variantes do HIV existentes”. É a mesma tecnologia que foi utilizada nas vacinas contra a COVID-19. O estudo está em andamento e ainda não foram divulgados os resultados quanto à sua eficácia e segurança.
É um medicamento injetável que demonstrou 100% de eficácia na prevenção do HIV em estudos realizados em África. Embora o Lenacapavir não seja uma vacina, demonstrou um grande avanço científico, sendo eleito pela revista Science como uma das principais inovações científicas de 2024.
Estes ensaios e descobertas científicas só são possíveis através da estreita colaboração entre entidades internacionais, laboratórios e governos. Contudo, nem sempre são prioridade dos governos, como demonstraram os cortes de Donald Trump, atrasando assim os progressos científicos e a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Uma vacina eficaz mudaria para sempre o curso da epidemia de HIV. E mesmo que não fosse 100% eficaz, poderia ter um grande impacto na prevenção e na interrupção da cadeia de transmissão – menos casos, menos transmissão do vírus.
Também iria reduzir os custos associados ao tratamento, visto que com uma solução imediata não seriam necessários cuidados médicos a longo prazo. Além disso, aumentaria a proteção das populações mais vulneráveis: pessoas que fazem sexo sem proteção, jovens desinformados, trabalhadores de sexo e toxicodependentes.
A vacina contra a SIDA também teria um importante impacto social e psicológico, sobretudo na redução do estigma associado à doença. As pessoas infetadas sentir-se-iam mais incentivadas a procurar prevenção e diagnóstico.
A educação e a comunicação, assim como a luta contra a desinformação, têm um papel fundamental na compreensão e prevenção do HIV. Muitas vezes, teorias da conspiração e fake news atrapalham a prevenção e o tratamento. Além disso, o preconceito que teve origem no início da epidemia e que ainda permanece – a ideia de uma “praga gay” – dificultam a luta contra o estigma da doença, acentuando problemas de homofobia e transfobia.
Neste sentido, é fundamental haver uma comunicação clara e transparente sobre a transmissão da doença, os melhores comportamentos a adotar, e haver entendimento sobre a eficácia e a acessibilidade de uma vacina.
A vacina contra a SIDA parece estar cada vez mais perto de ser descoberta, sobretudo se confiarmos na Organização Mundial da Saúde que prevê que deixe de ser um problema de saúde pública até 2030. A verdade é que já ceifou milhões de vidas e continua a ser causa de morte, principalmente nas comunidades e nos países mais desfavorecidos.
Os investigadores e cientistas fazem a sua parte, mas nós também temos de cumprir o nosso papel na consciencialização da doença, na luta contra o estigma, e na busca por informação fidedigna sobre prevenção. Temos de ser responsáveis pelas nossas ações (uso de preservativo, por exemplo) reduzindo a possibilidade de contágio, mas também devemos ser responsáveis por informar e educar os mais jovens.
Cada um de nós tem uma palavra nesta luta ativa contra o HIV/SIDA, cada um de nós pode fazer a diferença, por nós e pelos outros. A responsabilidade é individual e coletiva! O contágio pode acontecer a qualquer um de nós, mas informados e com responsabilidade podemos reduzir as probabilidades.
Se tens dúvidas, queres fazer um teste de despiste, fazer parte da luta, ou saber mais sobre o estado do HIV em Portugal, dá o primeiro passo acedendo à página da Liga Portuguesa Contra a SIDA.