PLANO DE TREINO
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Durante anos, habituámo-nos a comer sempre os mesmos alimentos: arroz, massa, batata, frango e pouco mais. Embora sejam nutritivos, a verdade é que, quando a nossa dieta se limita a um conjunto reduzido de ingredientes, perdemos muito do que a natureza tem para nos oferecer.
A ideia de biodiversidade nutricional propõe algo diferente: trazer à mesa uma maior variedade de alimentos: cereais, leguminosas, hortícolas, frutas e fontes de proteína menos comuns. Cada um com os seus nutrientes próprios, com sabores diferentes e com um contributo positivo para a nossa saúde.
Mais do que uma moda, esta abordagem tem base científica e impacto direto na prevenção de doenças, na melhoria da performance física e na sustentabilidade ambiental.
Comer de forma variada é cuidar do corpo, mas também do planeta. Além disso, ajuda a manter o prazer à mesa, com refeições mais criativas, coloridas e cheias de sabor.
Quando falamos em biodiversidade nutricional, falamos de variedade real. Trocar o arroz branco por quinoa, experimentar lentilhas em vez de feijão preto, usar batata-doce roxa em vez da tradicional. Cada espécie tem um perfil nutricional único, e ao diversificar os alimentos que consumimos, aumentamos a oferta de vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes ao nosso organismo.
Ao apostar em produtos locais, sazonais e menos processados, ganhamos em sabor, em frescura e em valor nutricional. E, ao mesmo tempo, ajudamos a reduzir a dependência de monoculturas intensivas e a apoiar a agricultura mais sustentável. A biodiversidade no prato começa com escolhas conscientes no momento das compras.
A Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) aponta para o desaparecimento da diversidade genética agrícola ao longo do último século, à medida que a produção alimentar se concentrou em poucas variedades. Recuperar essa diversidade pode ser uma estratégia crucial para enfrentar as mudanças climáticas, combater carências nutricionais e proteger culturas locais.
Cada tipo de alimento traz algo diferente: alguns são ricos em ferro, outros em fibras, outros ainda em antioxidantes. Quando incluímos uma boa diversidade no prato, o corpo agradece. É mais fácil obter tudo o que precisamos, sem depender tanto de suplementos ou fortificados. Uma dieta diversa apoia as funções vitais do organismo e promove uma saúde mais robusta a longo prazo.
Estudos mostram que dietas variadas estão associadas a menor risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e alguns tipos de cancro. Os compostos bioativos presentes em alimentos coloridos têm a capacidade de combater inflamações e proteger as células do corpo. A diversidade alimentar está diretamente ligada à longevidade e à qualidade de vida.
Comer diferentes tipos de fibra ajuda a manter uma flora intestinal rica e equilibrada. Hoje, sabemos que um intestino saudável é meio caminho andado para uma boa imunidade, melhor humor e boa absorção de nutrientes. Alimentos fermentados, vegetais variados e cereais integrais ajudam a diversificar as bactérias benéficas no intestino.
Quem treina com regularidade sabe como a alimentação faz diferença. Uma dieta mais diversificada garante aporte adequado de magnésio, potássio e antioxidantes, essenciais para evitar cãibras, reduzir o cansaço e ajudar na recuperação muscular. A inclusão de diferentes fontes de proteína, como leguminosas, sementes e algas, também contribui para a regeneração dos tecidos musculares.
As monoculturas (como soja, trigo ou milho em grande escala) esgotam os solos e aumentam o uso de pesticidas. Por outro lado, cultivar diferentes espécies reduz as pragas, melhora a qualidade do solo e preserva os recursos naturais. A biodiversidade agrícola torna os ecossistemas mais resilientes a pragas e fenómenos climáticos extremos.
Ao consumir produtos menos comuns mas produzidos localmente, estamos a apoiar pequenos produtores e a manter vivas variedades tradicionais que estão a desaparecer. Espécies autóctones muitas vezes adaptam-se melhor ao clima local, exigem menos recursos e conservam o património cultural gastronómico.
Os produtos sazonais e cultivados perto de casa significam menos transporte, menos embalagens e menos desperdício. Comer de forma diversa é também uma forma de comer com mais consciência ambiental. Além disso, escolher alimentos mais sustentáveis, como leguminosas em vez de carne vermelha, pode reduzir significativamente a pegada ecológica da nossa alimentação.
A mudança não precisa, nem deve, ser radical. Pequenos gestos podem fazer toda a diferença:
Incluir a família, os amigos pode ser uma boa prática para começar esta nova dieta. Tornar esta descoberta de novos sabores numa experiência partilhada fará toda a diferença. Cozinhar em conjunto, experimentar receitas de outras culturas ou simplesmente explorar secções menos visitadas do supermercado pode ser um ótimo ponto de partida.
Incluiu um de cada vez. Usa em sopas, papas, saladas, ou batidos. Vai testando até encontrar as combinações que mais te agradam. E, sempre que possível, opta por ingredientes de origem biológica ou de produção sustentável.
Trazer mais espécies à mesa é mais do que enriquecer o sabor das refeições. É dar ao corpo os nutrientes de que precisa, é prevenir doenças, é apoiar o planeta e os produtores locais. É fazer escolhas informadas, conscientes e alinhadas com um futuro mais saudável.
A biodiversidade alimentar é uma aliada poderosa para quem quer uma vida mais equilibrada, mais saudável e mais consciente. E é também um convite à descoberta: de novos sabores, de culturas diferentes, de tradições alimentares que enriquecem o nosso dia a dia.
No próximo mercado de rua, porque não levar algo novo para casa?
Pode ser o início de uma nova forma de comer, mais rica e mais alinhada com o que o corpo (e o planeta) precisam. Porque, no fundo, comer bem é uma das formas mais simples e prazerosas de cuidar de ti e do mundo à tua volta.