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Nunca o tema da saúde mental foi tão falado como atualmente. A pandemia trouxe muitos problemas a muitos portugueses que não podem continuar a passar despercebidos.
O Dia Mundial da Saúde Mental assinalou-se a 10 de outubro. Todos os anos a Organização Mundial de Saúde (OMS), em parceria com os países que a integram, escolhem um lema para alertar para a importância de cuidarmos da nossa mente, muito mais do que o fazemos. Este ano é “Saúde Mental Num Mundo Desigual”.
O objetivo é colocar os temas da saúde mental nas agendas dos governos, além de centrar a atenção pública na Saúde Mental global, como uma causa comum a todos os povos. Uma causa que vai muito além de limites nacionais, culturais, políticos ou socioeconómicos, porque os cuidados de Saúde Mental devem existir e devem ser de qualidade para todos, independentemente do local onde vivemos ou do dinheiro que temos na conta bancária.
E por falar em dinheiro, em Portugal este tema ganhou particular importância devido à pandemia, de tal forma que o Plano de Recuperação e Resiliência lhe destina 88 milhões de euros. A nossa esperança é que seja de facto bem distribuído, em projetos e cuidados de saúde verdadeiramente necessários.
O IMPACTO DA PANDEMIA
Como referimos, a pandemia provocada pela COVID-19 teve um grande impacto na saúde mental das pessoas um pouco por todo o mundo. Naturalmente que alguns grupos, nomeadamente profissionais de saúde e outros trabalhadores da linha de frente, estudantes, pessoas que vivem sozinhas e pessoas com problemas de saúde mental pré-existentes, foram particularmente afetados. Para piorar, os serviços de saúde mental, assim como muitos outros, foram interrompidos, o que piorou o estado de quem já sofria de determinadas patologias e levou a que muitos outros precisassem de uma ajuda difícil de encontrar.
No entanto, há motivos para otimismo. Além do valor investido em Portugal para as diferentes valências da saúde mental em Portugal, alguns países encontraram novas maneiras de fornecer cuidados de saúde mental às suas populações. Por isso, este ano, esta data tem um slogan muito especial: “Saúde mental para todos: vamos fazer disto uma realidade” e até foi criada um hashtag para usar as redes sociais em benefício deste tema: #WorldMentalHealthDay.
O IMPACTO DA SAÚDE MENTAL NOS CUIDADOS DE SAÚDE EM GERAL
No mundo, de acordo com a OMS, quase um bilião de pessoas têm transtornos mentais e qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode ser afetada.
A depressão é o principal problema detetado, estimando-se até que cerca de 5% dos adultos sofram de depressão. Além disso, globalmente, uma em cada sete crianças dos 10 aos 19 anos sofre de transtornos mentais e metade desses distúrbios começam aos 14 anos, sendo que a grande maioria não é detetada nem tratada.
Para teres uma noção do quão grave é o problema: as pessoas com transtornos mentais graves, como esquizofrenia, tendem a morrer 10-20 anos mais cedo do que a população em geral. Uma em cada 100 mortes é por suicídio. E esta é a quarta causa de morte entre jovens dos 15 aos 29 anos.
O Problema da Falta de Cuidados
Apesar da natureza universal e da magnitude da doença mental, existe uma grande lacuna entre a procura de serviços de saúde mental e a oferta que existe e que continua escassa. Isto deve-se à falta de investimento crónico de muitas décadas, quer em promoção, prevenção e atenção que deveriam ter sido dadas à saúde mental.
Tal também se deve ao estigma, à discriminação e às violações dos direitos humanos de pessoas com problemas de saúde mental continuam generalizados. E isto tem um grande impacto em diferentes setores.
O Custo Económico
A perda de produtividade resultante da depressão e da ansiedade, dois dos transtornos mentais mais comuns em todo o mundo, custa à economia global cerca um trilião de dólares por ano – um valor acerca do qual nem temos a real noção.
O Déficit de Investimento
Em média, os países gastam apenas 2% dos seus orçamentos nacionais de saúde em saúde mental e pouco mudou nos últimos anos.
Mas Também Há Boas Notícias
Algumas das condições de saúde mental mais comuns, depressão e ansiedade, podem ser tratadas com psicoterapia, terapias de fala, medicamentos ou uma combinação destes.
Os profissionais de saúde sem especialização em saúde mental estão cada vez mais alertas para o diagnóstico e tratamento de problemas de saúde mental, reencaminhando até os pacientes para os profissionais mais apropriados quando percebem que o problema vai além do que podem fazer.
Os direitos das pessoas que vivem com problemas de saúde mental podem – e devem – cada vez mais ser protegidos e promovidos por meio de legislação de saúde mental, políticas, desenvolvimento de serviços de saúde mental comunitários de qualidade e acessíveis e o envolvimento de pessoas com experiência de vida. Está a acontecer aos poucos. E se a pandemia trouxe algo de bom foi exatamente isto.
Se precisa de ajuda, não tenhas vergonha. Há várias linhas de apoio dispostas a ajuda. Confere aqui.
Fonte:
Organização Mundial da Saúde – Dia Mundial da Saúde Mental
