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Já alguma vez notaste que, quando a tua saúde mental não está no seu melhor, isso reflete-se no intestino? Ou, talvez, já te tenha acontecido precisamente o contrário: comeste ou bebeste algo menos saudável e isso afetou o teu humor!
É natural que não tenhamos consciência deste processo, até porque está bastante camuflado. No presente artigo, vamos explicar-te o que é a psiconutrição e qual é a relação entre o cérebro e o intestino.
Lê até ao final, provavelmente vais encontrar várias respostas às tuas dúvidas.
Ter uma alimentação saudável vai para lá do que apenas construir um bom físico, é também construir uma boa mente. É precisamente neste espaço que surge a psiconutrição.
Entende-se por psiconutrição como o campo que estuda e explora a ligação entre a própria nutrição com a saúde mental. Reconhece a influência que a alimentação tem no funcionamento do cérebro e no bem-estar psicológico.
Efetivamente, as emoções também interferem na nossa alimentação e, por vezes, não nos apercebemos disso. Quando experienciamos emoções fortes, especialmente as negativas como o stress, ansiedade ou tristeza, há uma tendência em ingerir alimentos menos saudáveis, como os processados.
No fundo, há uma correlação entre os alimentos que ingerimos com o nosso cérebro, e vice-versa.
A importância de consumir alimentos ricos em ómega 3, vitaminas e minerais essências ao bom funcionamento cerebral são um dos princípios base da psiconutrição. Estes nutrientes desempenham um papel essencial para regular os neurotransmissores e, consequentemente, melhorar a saúde mental.
Há ditados e provérbios que todos já ouvimos. As gerações mais velhas tendem a “guiar-se” pelas ditas frase feitas e a verdade é que, na maioria das vezes, têm um fundo de razão. Neste artigo, debruçamo-nos sobre: “o intestino é o segundo cérebro”.
Os especialistas confirmam esta interligação. De facto, a relação entre o cérebro e o intestino é bastante complexa e bidirecional. Por outras palavras, “funciona para os dois lados”.
E mais (!), 90% da serotonina presente no organismo é produzida precisamente no intestino.
Segundo o Coordenador do Hospital Lusíadas Amadora, a relação entre os dois órgãos é um caminho de dois sentidos. Isto é, um problema no cérebro pode causar complicações no intestino, e vice-versa. Podemos afirmar que é uma das “relações” mais fortes do nosso organismo. Fora do cérebro, é no intestino que se encontram maior parte das células nevosas.
O intestino é diferente de todos os outros órgãos do corpo porque funciona sozinho. É autónomo e toma as suas próprias decisões sem necessitar do cérebro, conforme explica a Drª Rossi, especialista no tema, a propósito de uma reportagem da BBC Brasil.
De acordo com alguns estudos, o microbioma presente no intestino poderá estar relacionado com diversas perturbações a nível neurológico, funcionamento gastrointestinal e saúde mental. Estas perturbações, bem como a relação com o cérebro, pode levar a ansiedade e a perturbações depressivas.
No fundo, esta relação não é “física”, mas sim “emocional”. As emoções podem intensificar a forma como sentimos determinadas sensações no intestino. Quando essas sensações físicas se tornam mais fortes, podem desencadear níveis mais elevados de stress e levar o cérebro a reagir emocionalmente de forma mais marcada.
Já analisámos o porquê de existir esta simbiose entre o cérebro, o intestino e as emoções. Contudo, como é que funciona na prática?
Um pouco por toda a internet tem vindo a falar-se de whole foods. Estes alimentos são categorizados como “estando o mais próximo do seu estado natural”. Isto é, pouco ou nada são alterados antes de serem comidos. Apesar de ser um conceito relativamente recente nas redes sociais, este tipo de alimentação existe há milhares de anos. A diferença é que, agora, começámos a tomar consciência dos seus benefícios. Em última instância, ao ingerir alimentos “reais”, vais sentir-te bem.
Por outro lado, ao ingerir alimentos ultra processados e cheios de químicos e aditivos, estamos a infestar o nosso ambiente intestinal. Sim, por vezes é mais rápido e cómodo comprar um snack ou comer uma bolacha, contudo, no longo prazo não compensa – isto claro se for um comportamento recorrente.
Estes alimentos passam por muitas etapas para o seu fabrico. Contêm ingredientes extraídos de outros alimentos ou mesmo substâncias criadas em laboratórios como os conservantes, corantes, entre outros. São pensados para serem apelativos ao paladar e baratos. Para além da sua praticidade, a sua finalidade é durarem muito tempo.
Alguns exemplos comuns de ultra processados:
Como percebemos, a maior parte da serotonina é produzida no intestino. A serotonina é um neurotransmissor que atua no cérebro. A sua função passa por comunicar com as células nervosas, e outros organismos presentes no nosso corpo. Em suma, é a hormona da felicidade e é produzido a partir do aminoácido triptofano, obtido através dos alimentos. É por esta razão que a psiconutrição desempenha um papel fundamental no bem-estar de cada um.
O nosso conselho é para que ouças o teu corpo e estejas atento às tuas emoções. Provavelmente, a partir de agora, terás uma perspetiva e um ângulo diferente.
Não é preciso mudar tudo de um dia para o outro. Podes introduzir pequenas alterações semanais. Começa por trocar os refrigerantes por água à refeição, por exemplo.
Varia os alimentos que ingeres, mas mantém a base em frutas, legumes, cereais integrais e proteínas magras.
Podes começar por deixar de comprar alimentos ultraprocessados. As bolachas, os snacks embalados, os refrigerantes e fast food devem ser a exceção, não a regra. A ideia não é eliminar para sempre, mas reduzir a frequência.
Planear a semana ajuda a evitar escolhas por impulso. Ter sempre fruta, legumes lavados e snacks saudáveis à mão torna a decisão mais fácil.
Mais do que uma “dieta”, é um estilo de vida alimentar. O foco está na consistência e não na perfeição.
O mais importante é a consistência. Uma rotina alimentar rica em alimentos frescos, variados e pouco processados pode ter impacto direto na energia, no humor e na forma como o corpo responde ao stress.
Começa já hoje e vais sentir-te bem melhor!