PLANO DE TREINO
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Quando pensamos em desportos aquáticos, a imagem que nos vem à cabeça é quase sempre a mesma: atletas a cortar a água com movimentos fortes e fluídos, em piscinas ou no mar. Mas o que muitos esquecem é que a base para esse desempenho não se constrói apenas dentro de água. Treinar fora de água, o chamado dryland training, é um fator determinante para potenciar a performance, prevenir lesões e garantir longevidade na prática destes desportos.
Seja surf, natação, polo aquático, bodyboard ou natação artística, o corpo precisa de muito mais do que resistência cardiovascular. É necessário força, controlo postural, mobilidade, estabilidade articular e capacidade explosiva. E tudo isto pode e deve ser trabalhado fora de água.
Neste artigo do Blog UP, vamos mostrar-te alguns exercícios que podes incluir no teu plano de treino fora de água se praticas desportos aquáticos. Desde exercícios para o core, até ao trabalho de mobilidade e treino funcional de força, damos-te sugestões práticas e eficazes para treinares com propósito.
Se há zona do corpo que nunca pode ser negligenciada em desportos aquáticos, é o core. Este grupo muscular envolve os abdominais, lombares, glúteos e músculos profundos da zona pélvica e funciona como o centro de controlo de praticamente todos os movimentos dentro de água.
Um core forte permite-te manter a posição hidrodinâmica correta, melhorar a transferência de força entre membros superiores e inferiores e controlar a estabilidade em situações de desequilíbrio. Além disso, reduz significativamente o risco de lesões na zona lombar, uma das áreas mais sujeitas a sobrecarga.
Plank (Prancha) e Side Plank: Mantém a posição de prancha frontal e lateral entre 30 a 60 segundos. Trabalhas a estabilidade do tronco e a resistência isométrica.
Russian Twists: Com ou sem peso, senta-te, eleva os pés e roda o tronco lateralmente, ativando os oblíquos, cruciais em estilos de natação com rotação e no surf.
Hanging Knee Raises: Pendura-te numa barra e eleva os joelhos ao peito. Excelente para abdominais inferiores e controlo corporal.
Swiss Ball Knee Tucks: Com os pés sobre a bola suíça, traz os joelhos ao peito em posição de prancha. Um desafio à estabilidade e força abdominal.
Rollouts com Ab Roller: De joelhos ou em pé (para os mais avançados), desliza o roller à frente, alongando o core e voltando à posição inicial com controlo.
Idealmente, faz 2 a 3 destes exercícios por sessão, 3 a 4 vezes por semana.
Nos desportos aquáticos, a força dos membros superiores e inferiores não serve apenas para gerar propulsão, mas também para controlar a direção, corrigir desequilíbrios e executar movimentos técnicos com precisão.
Os braços e os ombros são responsáveis por impulsionar e equilibrar o corpo, enquanto as pernas garantem potência nas saídas, viragens e manobras.
Para teres mais força na puxada de braço, mais estabilidade no drop numa onda mais crítica ou mais explosão na partida, o treino fora de água deve contemplar exercícios que desenvolvam tanto os grandes grupos musculares como os músculos estabilizadores.
Pull-Ups (Elevações): Fortalece dorsais, bíceps, ombros e core. Se necessário, começa com banda elástica de apoio.
Push-Ups (Flexões): Versátil e eficaz. Faz variações para estimular diferentes áreas.
Resistance Band Rows: Usa bandas elásticas para simular o movimento de tração da natação ou de remada. Trabalha costas e postura.
Shoulder Press com Halteres: Melhora a força dos deltóides, importante na elevação dos braços e fase aérea da braçada.
Face Pulls: Com cabo ou banda, ótimo para prevenir lesões no ombro e equilibrar a postura.
Squats: Fortalece quadríceps, isquiotibiais, glúteos e lombares. Fundamental para saídas rápidas e estabilidade na prancha.
Jump Squats: Desenvolve potência explosiva, simula a partida e movimentos de salto em águas abertas ou nas viragens. No mar, potencia manobras mais avançadas como aéreos.
Lunges e Jump Lunges: Melhora equilíbrio, mobilidade e força unilateral.
Single-Leg Deadlifts: Para isquiotibiais, glúteos e core. Corrige assimetrias e melhora a propriocepção.
Glute Bridges e Hip Thrusts: Essenciais para potência de anca e propulsão. A versão unilateral intensifica o trabalho de estabilidade.
Se há fator determinante para a longevidade e performance nos desportos aquáticos, é a mobilidade articular. Sem uma boa amplitude de movimento nos ombros, anca e tornozelos, dificilmente conseguirás realizar movimentos técnicos corretos e fluidos.
Além disso, a flexibilidade permite uma melhor adaptação a posições específicas, melhora a recuperação e reduz o risco de lesões, sobretudo em zonas de alta solicitação como ombros e lombares.
Alongamentos Dinâmicos no Aquecimento: Antes do treino, faz movimentos ativos como círculos de braços, swings de pernas e rotações de tronco.
Rotinas de Mobilidade Articular: Movimentos como shoulder pass-through (com stick ou banda), deep squats hold ou hip openers são ótimos para desbloquear articulações.
Sessões de Yoga e Pilates: Não só melhoram a flexibilidade, mas também o controlo respiratório, equilíbrio e consciência corporal.
Foam Rolling: Liberta tensões musculares e melhora a circulação. Dá especial atenção a costas, peitorais, quadris e gémeos.
Dedica pelo menos 10 minutos ao trabalho de mobilidade no início e no final de cada sessão.
Se praticas um desporto aquático e ainda não treinas fora de água, está na altura de o fazeres. A performance dentro de água não depende apenas da resistência cardiovascular ou da técnica específica, depende acima de tudo, de um corpo forte, equilibrado e funcional.
Ao investires em exercícios de fortalecimento do core, trabalho de força e potência nos membros superiores e inferiores, práticas de mobilidade e flexibilidade, vais potenciar a tua performance, reduzir o risco de lesões e garantir uma evolução contínua e saudável.
O teu treino deve ser completo, funcional e adaptado às exigências reais da modalidade de cada pessoa. Constrói o teu plano de treino fora de água e alcança o tempo naquela prova que tanto querias ganhar ou desbloqueia aquela manobra que tanto querias executar.