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Já alguma vez ouviste falar da Síndrome de Boreout? Tens consciência de como esta síndrome pode afetar negativamente a tua vida íntima e profissional? As tuas relações com os outros? E o teu bem-estar geral? Seja a nível mental, emocional ou físico?
Tudo o que precisas de saber sobre esta síndrome, encontrarás neste artigo. Vamos mostrar-te como o exercício físico pode ser uma arma preponderante contra o Boreout. Se não te identificas com os sintomas, vais aprender a evitá-los.
Este conceito surgiu através dos autores Philippe Rothlin e Peter Werner, quando lançaram em 2007 o livro “Boreout! Overcoming workplace demotivation”. Em português, “Boreout! Superando a desmotivação no local de trabalho”.
A palavra Boreout resulta da junção de bored e out, que podemos traduzir em português como “entediado”. Esta síndrome define-se por um estado de desmotivação, tédio e inutilidade no ambiente de trabalho. Numa fase avançada, os trabalhadores sentem-se excluídos, sem estímulo e insatisfeitos com as suas responsabilidades profissionais.
Ninguém está imune e pode acontecer a qualquer pessoa. Esta síndrome é causada pela ausência de estímulos no ambiente de trabalho. Segundo os autores referidos acima, cerca de 15% dos funcionários de escritório estão entediados e desmotivados, devido a um ou vários dos seguintes motivos:
Ambas estão relacionadas com a saúde e bem-estar dos trabalhadores, mas diferenciam-se nas causas e nos sintomas. Enquanto a Síndrome de Boreout surge quando existe falta de desafios e de responsabilidades, que levam ao tédio no trabalho, a Síndrome de Burnout caracteriza-se pelo excesso de trabalho, exaustão e stress crónico.
Neste sentido, diferenciam-se sobretudo nas suas causas: enquanto o Boreout resulta da falta de estímulo e de desafios, o Burnout resulta do excesso de trabalho e stress.
Os sintomas podem varia de pessoa para pessoa, mas estão sempre associados a desinteresse, tédio, subutilização, estagnação, monotonia, entre outros.
Os principais sintomas associados ao Boreout são:
Todos estes sintomas da Síndrome de Boreout prejudicam gravemente o bem-estar e o corpo, tanto a nível emocional como físico. A baixa autoestima, falta de produtividade, desmotivação, e tédio crónico impactam a saúde física e mental, que pode levar a isolamento social (não ter vontade de conviver), falta de motivação para treinar, ansiedade e depressão.
Um estudo de 2021, revelou que 186 funcionários do governo na Turquia que sofriam de Boreout estavam diagnosticados com depressão e altas taxas de stress e ansiedade. Outro estudo, concluiu que a depressão por Síndrome de Boreout pode acompanhar os trabalhadores fora do escritório e promover dores de cabeça, insónias e doenças físicas.
Neste sentido, é fundamental encontrar mecanismos para resistir ou combater o Boreout. O exercício físico pode ser um excelente aliado na recuperação do bem-estar e da saúde em geral, como veremos abaixo.
Antes de mais, é importante referir que a Síndrome de Boreout, como qualquer outra síndrome, deve ser acompanhada por um profissional de saúde. Se tens dúvidas quanto ao diagnóstico ou precisas de ajuda para recuperar do Boreout, recorre ao teu médico ou a um psicólogo.
A psicoterapia, por exemplo, é uma excelente forma de tratamento. Desta forma, é possível trabalhar a inteligência emocional e o autoconhecimento, que são pilares fundamentais para lidar com as adversidades no ambiente de trabalho, sejam elas por excesso de trabalho (burnout) ou falta dele (boreout).
Além disso, é importante que converses com o teu líder ou com o departamento dos Recursos Humanos para que a tua entidade empregadora saiba o que sentes e quais são os teus objetivos profissionais. Caso não te sintas ouvido/a, procura um novo emprego – não tenhas medo de sair da tua zona de conforto, de mudares de rotina.
Portanto, antes de tomares qualquer medida ou de recorreres a informações nem sempre fidedignas, como os motores de busca ou o chatgpt, informa-te junto de um profissional de saúde e abre o jogo com a tua entidade empregadora. Se não reconhecerem as tuas necessidades, é porque não reconhecem o teu trabalho. Queres estar numa empresa que não te dá o devido valor? Sabes a resposta!
O exercício físico também pode ajudar-te na recuperação da Síndrome de Boreout, não apenas pelo aumento de endorfinas e dopamina, mas também porque vai ajudar-te a criar estímulos e pequenas metas, que serão recompensadas com sentimentos de conquista e orgulho na imagem que verás refletida no espelho. Neste sentido, a atividade física é essencial e ajuda a reduzir o stress, combater a ansiedade e a sentires-te mais feliz.
Por exemplo, se treinares de manhã, a tua predisposição para trabalhar vai ser melhor, vais ter mais consciência das tuas capacidades e, acima de tudo, vais valorizar-te. Optar por treinar depois do trabalho também é uma forma de descomprimires, aliviares o stress, e melhorares a consciência do teu valor e do que realmente mereces – noções que muitas vezes se perdem no ambiente de trabalho.
Um estudo sobre os benefícios da atividade física na depressão, refere que a prática regular de exercícios físicos acarreta benefícios fisiológicos, mas também psicológicos, tais como: melhor sensação de bem-estar, humor e autoestima. O mesmo estudo também refere que ajuda a reduzir a ansiedade, tensão e depressão.
Como já referimos neste artigo, a atividade física tem um papel fundamental em todos os aspetos da vida, nomeadamente para ajudar a curar o Boreout. As dicas que vamos partilhar contigo têm o objetivo de te ajudar a encontrar formas de dinamizares os teus treinos, de não te aborreceres com os exercícios físicos e de encontrares uma cura para combateres os sintomas de tédio, autoestima baixa, frustração e desmotivação que trazes do ambiente de trabalho para a tua vida pessoal.
Se no teu ambiente de trabalho não sentes prazer nas tarefas que executas, é importante que fora dele tenhas momentos de descontração. Para que não alimentes stress, ansiedade ou desmotivação no treino, deves optar por atividades que te deixem feliz, tais como: ir ao ginásio, caminhar, andar de bicicleta, correr, fazer trilhos, praticar dança ou algum desporto, entre outros.
Metas irrealistas e inalcançáveis podem reforçar a tua baixa autoestima, uma vez que se não conseguires atingi-las vais sentir frustração, stress, impotência ou incapacidade de atingir os teus objetivos. Para isso, é importante que estrutures os teus treinos com pequenas metas e que recompenses as tuas conquistas.
Um personal trainer pode ajudar-te a definir metas e a melhorares a tua performance.
Não tem de ser apenas ir ao ginásio ou correr. Até podes não gostar de nenhuma destas atividades. Opta por algo que te motive ou que tenhas curiosidade: yoga, desportos de defesa pessoal ou um estilo de dança diferente. Além disso, estas atividades ajudam a combater o isolamento social e a melhorar o sentimento de pertença que muitas vezes se perde no ambiente de trabalho – sobretudo em pessoas com Síndrome de Boreout.
Se a tua rotina de trabalho já é desmotivante e monótona, é importante que haja dinamismo na tua vida pessoal, nomeadamente quando praticas exercício físico. Se sentes que estás a perder a energia com facilidade, que não tens motivação para treinar, ou estás simplesmente cansado/a dos teus treinos, faz alterações na tua rotina de treino.
Altera o tipo de exercícios, experimenta uma aula de grupo diferente, treina com um amigo, muda o horário de treino, entre outras possibilidades.
A ausência de tarefas, de estímulo e criatividade, bem como o pouco reconhecimento profissional por parte dos líderes e gestores no ambiente de trabalho, tem levado cada vez mais pessoas a sofrer da Síndrome de Boreout. É mais comum do que se pensa, e pode comprometer a saúde e o bem-estar.
Assim, é fundamental encontrar mecanismos para não sofrermos desta síndrome ou para a conseguirmos curar. O exercício físico tem um papel crucial na cura e não deve ser negligenciado em nenhum momento. Começa a praticar atividade física, não desistas dos treinos, pratica desporto ou inscreve-te num ginásio para melhorares a consciência sobre ti mesmo e respeitares a tua individualidade, os teus valores, e as tuas capacidades físicas, emocionais e mentais.
Não te esqueças de consultar um profissional de saúde e de falares com a tua chefia ou com o departamento dos Recursos Humanos da tua empresa.